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A capital dos EUA, blindada e dividida pelo desfile militar de Trump

Trump em desfile militar - Carlos Barria/Reuters
Trump em desfile militar Imagem: Carlos Barria/Reuters

14/06/2025 21h17

A capital dos Estados Unidos encenou neste sábado (14) a fratura política do país: os seguidores de Donald Trump celebraram o desfile militar, mas, não muito longe, centenas de manifestantes chamavam o presidente de "fascista".

Para Shaun Dailey, que viajou do vizinho estado da Pensilvânia, a parada militar é simplesmente uma oportunidade de homenagear o Exército no dia em que Trump completa 79 anos.

"Alguns dizem: ah, parece a Coreia do Norte, ah, parece a Rússia porque os Estados Unidos não fazem muitos desfiles militares, porque nos dizem que devemos nos envergonhar de quem somos", comentou o jovem de 22 anos.

"Pessoalmente, não vejo isso como autoritário. Não vejo como fascista nem nada do tipo. Só vejo como uma celebração", acrescentou.

Brent Kuykendall, de 66 anos, que viajou de avião do Texas com a esposa para ver o desfile, concorda que se trata de "patriotismo".

"Vai além de Trump. É para celebrar nosso país", afirmou.

Mas muitos na liberal Washington estão preocupados com o enorme aparato militar que obrigou a blindar grande parte do centro da cidade.

Agentes do Serviço Secreto, alguns com cães farejadores, circulavam pelos pontos de entrada da área do National Mall, onde o desfile é realizado.

"Militares como peões"

Centenas de manifestantes marcharam até o perímetro para expressar sua oposição à revista militar e a um segundo mandato de Trump.

"Vim de avião para me opor ao desfile fascista de aniversário de Trump", declarou Sam Richards, um veterano do Exército de Minneapolis (norte).

"Isso tudo parece uma piada cruel, usar pessoas que juraram lealdade à Constituição e dedicam suas vidas ao Exército como peões para um cara que quer ser rei", opinou Richards, de 34 anos.

Ele estava cercado de ativistas que seguravam cartazes com os dizeres "Pró-EUA, anti-Trump".

Havia também uma figura de madeira representando Trump com o nariz alongado, sentado em um vaso sanitário com as calças abaixadas.

"É muito importante estar aqui hoje porque há muitas pessoas com medo", disse Anahi Rivas-Rodriguez, de 24 anos.

Ela reconheceu que se sentiu "intimidada" pela ameaça do presidente de responder com "muita força" caso houvesse distúrbios.

"Mas isso não me impede, porque protestar é patriótico", acrescentou.

Essa manifestação em Washington foi uma entre centenas realizadas em todo o país.

Bill Kennedy, de 68 anos, também viajou à capital a partir da Pensilvânia porque acredita que era crucial se opor a Trump.

"Acho que ele precisa ver isso", que "não vai se safar com intimidação, ameaças, violência e brutalidade", disse.

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